quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Abby King


Oi, humanos <3
Eu escrevi essa história ano passado e foi uma das primeiras coisas que eu escrevi e realmente gostei.
É um pouco diferente (talvez mais infantil), mas tá dentro do meu coração e eu espero que vocês gostem.

Dezoito de março de 1995, nascimento da Abby.

Os gritos já eram ouvidos a mais de meia hora no hospital, todo aquele branco  deveria passar alguma calma aos pacientes e acompanhantes, mas naquele momento causava exatamente a sensação oposta.
Na sala de espera, se encontrava um menininho  cinco anos, ouvindo uma música , enquanto mentalmente esbraveja, por ter que faltar no aniversário do melhor amigo, só pra ficar parado naquela sala irritante, observando seu pai  “discretamente” surtar, Charlie sabia que o nascimento de sua irmãzinha era uma grande coisa, mas ela ainda estaria lá, depois do aniversário de Chuck, não é?
Ele continuou reclamando mentalmente, até ouvir um choro agudo que conseguia ultrapassar até o alto volume da música, o choro que ele sempre fora avisado que seria extremamente irritante, na verdade soou agradável e  ele soube, que iria gostar de Abby.



Domingo, Dezoito de março de 2000, Aniversário de 5 anos da Abby.

A casa estava  perfeitamente decorada  com balões coloridos e até mesmo um pula-pula rosa  pronta para “A Melhor Festa de 5 Anos Que Já Existiu”, todo esse cenário era um contraste  com o som de duas crianças gritando.
A esse ponto da briga os dois irmãos nem sabiam mais qual era o motivo, não que isso importasse, já que ultimamente tudo era motivo de briga naquela casa.
-Chega! – Ana, a pequena mãe dos pestinhas gritou- A festa começa em dez minutos e eu estou cansada de ouvir vocês brigarem, agora vão vocês dois pra sala e ajam como os anjinhos, que eu sei que podem ser!
E assim, depois da bronca diária, os irmãos King se sentaram  um em cada ponta do sofá para esperar os convidados chegarem.
Depois de meia hora  de festa e de vários convidados chegarem, todas as brigas foram esquecidas e foi realizado o melhor aniversário de princesa- bailarina- vampira que o mundo já viu.

Segunda, Dezoito de março de 2005.

Era a segunda semana de Abby em uma escola completamente e todas as outras crianças já tinham formado suas panelinhas, o que  incluía Charlie que já agia como melhor amigo de todo o time de basquete, enquanto tudo que Abby tinha era uma paixonite por um garoto, que provavelmente nunca mais falaria com ela, depois da última vez que podemos dizer, foi um tanto constrangedora.
Lucas era o garoto perfeito,  engraçado, tinha ótimas covinhas e um cabelo loiro bagunçado que não importava de que ângulo você olhasse, ele sempre parecia nada menos que... Perfeito.
Abby tivera a sorte grande de ser colocada pra sentada atrás dele e naquela sexta-feira, ele tinha virado pra trás falando alguma coisa como:
-Me empresta um lápis?
Mas na cabeça de Abby soou mais como um:
Eu te amo.
O que fez com que Abby corasse e dissesse:
-Eu também te amo...
O que fez com que Lucas olhasse pra ela e lentamente virasse pra frente murmurando alguma coisa ininteligível.
Depois desse dia, mesmo ainda gostando dele, Abby tentava ficar o mais longe possível de Lucas (ou pelo menos, o mais longe que se pode ficar de alguém que senta na carteira da frente).

Terça, Dezoito de março de 2010.

A música bate estaca ensurdecedora ecoava por todo o local, uma grande quantidade de adolescentes fantasiados dançava, conversavam e riam enquanto seguravam seus tradicionais “copos vermelhos”, parecia realmente divertido, mas depois de se perder de sua melhor amiga  e de ter sido empurrada para algumas conversas constrangedoras , Abby tinha certeza que aquele não era seu lugar.
Pra ser sincera ela não tinha a menor ideia de como acabara naquela festa, nunca tinha sido muito do tipo de garota que se interessava por halloween e muito menos por festas. Filmes e cobertores ou livros e fones, aquela sim era a “praia ´’dela, mas ninguém podia dizer não pros olhos pidões de Lily e dessa vez ela fora a vítima, depois de dias de insistência inevitavelmente a resposta foi positiva.
Se Abby tivesse uma máquina do tempo ela desfaria aquela decisão estupida, mas maquinas do tempo não existem, então Abby tinha de ficar naquele caos de adolescentes bêbados e cheiro de cigarro  pungente.
Então horas depois de ser abandonada por sua amiga (e carona pra casa) Abby decidiu que ficar parada lá era pior do que ir andando pra casa, mesmo que fosse longe e que a temperatura não tivesse  exatamente amistosa.
Enquanto andava decidida até a porta Abby viu uma cena que simplesmente não podia ignorar, Lucas jogado no sofá enquanto se melhor amigo, Pedro, dava “leves” batidas no rosto dele, Abby sabia que deveria ir pra casa, respeitar seu toque de recolher e confiar que Pedro cuidaria de seu amigo, mas mesmo não sendo mais tão apaixonada por ele, Abby não conseguiu seguir o plano original de ir pra casa.
-O que ele tem?- perguntou se inclinando até ele preocupada.
-Ele encheu a cara – falou Pedro com um sorriso debochado que Abby achou irritante.
-O deixa dormir, deve ajudar- disse Abby tetado ser o mais casual possível.
-Não dá. Amanhã nós temos jogo de basquete e o pai dele o mataria se ele se atrasasse. A única opção é colocar ele de baixo de um chuveiro gelado – Disse Pedro já jogando Lucas por cima do ombro e subindo as escadas.
A fila do banheiro estava longa, mas Pedro só seguiu em frente pra um banheiro que Abby nunca tinha visto com se conhecesse a casa como a palma da mão.
Lucas resmungou um pouco como se previsse o que aconteceria, mas Pedro não  amoleceu e sem nenhuma cerimônia jogou o amigo de baixo da água gelada.

30 minutos e várias reclamações depois.
-Carro do Pedro.

Abby não sabia exatamente como tinha acabado naquela situação, estava mais de duas horas atrasada para o toque de recolher, o que nem a preocupava tanto,  já que seus pais sempre foram do partido que Abby deveria se preocupar menos e se divertir mais, mas mesmo assim chegar atrasada sempre a deixava estressada.
O garoto que ela gostava quando tinha 10 anos agora se encontrava encharcado e dormindo encostado no ombro dela, o que  5 anos atrás iria a deixar maluca, mas já que Lucas babava e roncava,  não era uma  situação tão legal.
E para melhorar ela não conseguia parar de prestar atenção na aparência compenetrada, mas ao mesmo tempo relaxada que Pedro fazia enquanto dirigia.
 Pedro sempre parecia relaxado, como se não devesse satisfação a ninguém, essa era a primeira vez que ela vira preocupação (mesmo que ligeiramente escondida), Abby observava Pedro mais do que realmente conseguia admitir, mesmo não sabendo muito sobre o garoto ele sempre pareceu a atrair de uma forma estranha.
-Você sabe que pode jogar ele para o lado, não é? – Afirmou Pedro, mesmo Abby sabendo que ele estava discretamente rindo da situação dela.
-Eu sei, mas amanhã ele vai ter uma manhã muito difícil então eu vou o deixar descansar um pouco- Disse Abby com confiança.
-Você realmente gosta dele? - disse Pedro como se já soubesse a resposta.
-Pra ser sincera, não como eu gostava antigamente, ele foi minha primeira paixão e eu não acho que um dia vou esquecê-lo, mas acho que já faz algum tempo que eu não me sinto do mesmo jeito que me sentia- Abby não costumava se abrir com quase estranhos, mas por algum motivo, sentia que podia se abrir com Pedro.
Pedro não respondeu nada e um agradável silêncio se estabeleceu no carro.

20 minutos depois.
-Frente da casa de Abby.

Quando Abby viu sua casa, mal pode acreditar em como podia sentir tanta saudade em tão pouco tempo e mesmo assim, tão pouca vontade de entrar.
Em uma atitude não esperada, Pedro tira a chave de ignição do carro e acompanha Abby até a porta, por alguns segundos aquele silêncio constrangedor de quando as pessoas não sabem muito bem o que falar se instala.
Abby que estava já se preparando pra dizer tchau e abrir a  porta é surpreendida quando Pedro, não mais que de repente, se inclina  e a beija.

Abby sempre ouvira que o primeiro beijo é estranho ou até mesmo desconfortável, mas quando os lábios dos dois se encontraram só pareceu certo. 

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