Todos nós fantasiamos , todos nós nos iludimos e imaginamos momentos perfeitos, alguns antes de dormir, alguns enquanto dormem e outros o tempo todo, eu sempre me encaixei mais no ultimo tipo, constantemente sonhava acordada sobre momentos perfeitos, momentos tão límpidos que fazem tanto sentido que parece que a gravidade da terra se altera por um segundo te permitindo flutuar enquanto agracia aquele segundo que parece durar muito mais do que uma fibra de momento.
Quando minha terapeuta falou sobre acreditar mais nas
pequenas coisas e ser grata pelos menores progressos eu senti um desses
momentos chegando, a ideia proposta era fazer uma lista de pequenos progressos
e no final de um tempo compra ou fazer uma pequena compensação por isso, como
se eu ganhasse um presente por degrau que eu subisse na escada metafórica.
Depois de encher a minha lista com pequenos progressos do
dia a dia, chegou a hora de me presentear, mas a coisa é que eu não sentia que
merecia, eu não sentia que tinha feito todo aquele progresso que as pessoas
apontavam e nem que aquelas coisas da lista eram algo a se presentear, a jornada
era tão grande que eu não conseguia enxergar a importância daqueles pequenos
passos, mas mesmo assim eu sonhei e planejei aquele momento especial, onde eu
iria para Paulista com as minhas amigas mais próximas e compraria algo especial
que representaria aqueles pequenos passos.
Mas como as coisas nunca são como de fato imaginamos, nada
deu certo, no dia choveu e ninguém se sentiu disposto a passear de baixo de
chuva, então o dia se passou em branco e minha quase adquirida esperança caiu
por terra.
Mas essa é a coisa com os momentos que são, de fato
perfeitos, eles nunca são como imaginamos, no dia seguinte eu tinha uma das tão
horríveis consultas com a psiquiatra,
elas não eram horríveis em si, mas o humor em casa sempre decaia drasticamente
com a lembrança de quão mal eu estava quando íamos a psiquiatra, então depois
dia um dia que tudo deu errado e no qual eu me sentia tudo menos perfeita, eu
tive aquele momento.
Quando a psiquiatra elogiou o meu progresso foi como se pela
primeira vez eu visse o meu progresso e sentisse uma coisa que eu realmente
nunca senti sobre mim mesma: orgulho.
Então meu momento perfeito aconteceu numa farmácia perto do consultório ao invés de numa loja bacana naminha rua
favorita, mas foi especial porque naquele momento embriagada com o meu próprio sucesso,
o frasco de esmalte azul, não foi o meu verdadeiro presente mas sim a minha
nova realidade pintada com cores as quais eu não via faz tempo.
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